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Foto do escritorIasmine Pereira

Memórias de domingos de vó

Da piscina de plástico cheia de criança disposta. Verão. De laquê. Diva. Farra. Deboche. Água pra cima feito liquidificador destampado. Ligado. Desgraça! Já viu a merda que dá? Do cabelo dourado molhado. Da água de cloro. Da bagunça. A danada, gostava! Da zona reclamava. Das primeiras a começar. Comprou a banheira. Dizia assim. Nelson, deixa limpa, minhas negas vêm aí! Nega. Da Itália. De cor de parede. De olhos de vitrola da Gradiente. Azul. Das marcas do sunquini. Não tendia para o maiô. Deixei registrado no moleskine. Dava sabonete pra divertir. Da piscina fez banheira. Dos anos 90. Domingo legal.


Vó com cerveja na lata

Da carcaça cheia de álcool na lata. Dá a garrafa de cachaça! Escondida do avô. Debaixo do tanque. De vidro. De guaraná de rolha. Dava um gole. Voltava pro almoço. Destaque para frango frito com macarrão. Arroz com pirão. Bagre pescado no rio. Debaixo do porão. Dava risada. Dava um gole. Da breja gelada. Com cachaça? Itaipava! Embriagada. Dava de doida. Imagina desenvolver comida pra tanta parentada? Da mesa da diretoria, à das primas. Baderna! Última a sentar, primeira a levantar. Cuidado com o prato! Ainda não acabei! Depois vai lavar! Dava bronca. Dava mesada. Dava presente. Toda semana. No armário do quarto de visita. Só pegar. Dava chocolate. Surpresa. Dava Chandelle. De mamão. Dava doce de leite condensado cozido. Na panela do feijão. Dava Danoninho.


Do chão cheio de fósforo riscado. Cinco, seis, sete caixas. Uma dúzia. De quem é a conta? Sabe cheiro de fósforo queimado? Memória de casa. De brincadeira. Das primas. De infância. De verão. A casa quente. Restava a varanda. Da casa do interior. De boneca. De vó. Dava pra rua. De muro baixo, chapiscado. Parapeito queimado. De sol. Desce e sobe. Vai cair! Do chão não passa! De piso, ardósia. Verde. Não encerada. Era bruta. Fria. Ora uma bicicleta disfarçava e olhava. Ora, o prefeito. Dava pra ver o dia virar noite. De rir. De festa. De colo. Não sei quem se destacava mais. Se ela. De tanto que desfrutava. Ou se a gente. De tanto dançar com o fogo. De fósforo na mão. De papelão, a caixinha. Risca. Fogo. Fósforo. Cheiro. Fugaz. De repente, o fósforo ficou sem ar. Covid.



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