É muito comum a gente assumir determinadas posturas que nos colocam em lugares - psíquicos - que não nos pertencem. Nos núcleos familiares isso acontece escancaradamente e nas demais relações sociais pode também aparecer.
E isso acontece como uma via de mão dupla. Ao mesmo tempo que nos colocamos em situações que não nos pertencem, exigimos do outro comportamentos não apropriados com o papel daquele indivíduo. Justamente porque os lugares são distintos.
Ai! Pode parecer difícil, mas explico. Quando colocamos o outro - por exemplo uma pessoa responsável pela gestão da equipe da qual você faz parte - num lugar que não lhe cabe - esperando certo comportamento paternal ou maternal, seguindo na exemplificação - a tendência é passar a esperar - quiçá cobrar - que atenda a essa demanda. E não é bem por aí. Gestor de equipe deve ter responsabilidades de gestor e não de família. Certo? Você é membro do time e não parente. Só que a gente confunde os lugares.
Também existe essa troca nas relações afetivas. Às vezes esperamos de nossos companheiros e companheiras certa maternagem. Por vezes queremos que eles adivinhem o que estamos pensando, os nossos desejos e vontades. Tipo os pais que pelo choro já sabem que o nenê está cagado. E não dá, né? Em outros momentos podemos ver disputas infundadas por espaços e lugares que não pertencem àquele indivíduo, mas mesmo assim seguem sendo pretendidos.
Mas minha gente, vamos lá. Quando ocupamos o nosso lugar, quando somos o que nos cabe, filhos dos nossos pais, integrantes de uma relação afetiva, colaborador de uma companhia passamos a entender o que nosso em cada um dos contextos, deixamos determinadas cobranças para quem é responsável e passamos a assumir o nosso "verdadeiro lugar no mundo". Digo, nas relações da vida.
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